"Admitimos
que éramos impotentes perante os relacionamentos e que tínhamos perdido o
domínio sobre nossas vidas”.
Dar o Primeiro Passo é o início fundamental
na recuperação da dependência de relacionamentos. Quando admitimos nossa
impotência e inabilidade para dirigir nossas próprias vidas, abrimos a porta da
recuperação. Admitir ser impotente pode ter um significado diferente para cada
uma de nós, mas o que é importante para a prática do Primeiro Passo é encarar a
realidade destrutiva em que nos encontrávamos antes de conhecermos MADA, e que
hoje temos o desejo profundo de mudar a nós mesmas, um dia de cada vez.
Impotência significa repetirmos o
sofrimento, mesmo contra a nossa vontade. Se não conseguimos parar, como
podemos nos iludir, dizendo que controlamos? É no Primeiro Passo que fazemos a
admissão do nosso inútil controle e nos rendemos diante das tentativas fracassadas
dos relacionamentos.
Muitas de nós passaram pelo processo da
negação, não admitindo a dificuldade em se relacionar, culpando e acusando os
parceiros e outros, daquilo que não dava certo. Dessa forma, não percebíamos
que a opção de estarmos naquele relacionamento era somente nossa e que, na
verdade, a “doença” nos impelia a buscar um relacionamento inadequado e auto-destrutivo.
Nossa doença é progressiva e fatal,
atingindo a área física, mental e espiritual, afetando vários segmentos de
nossas vidas. O aspecto físico é o uso compulsivo do controle: a incapacidade
de parar uma vez que tenhamos começado, como, por exemplo, ligar
compulsivamente para a outra pessoa. O aspecto mental é a obsessão ou o desejo
incontrolável que nos leva a agir, mesmo destruindo nossas vidas. A parte
espiritual da nossa doença é o total egocentrismo.
Negação, substituição, racionalização,
justificação, desconfiança dos outros, culpa, vergonha, desleixo, degradação,
isolamento e perda de controle são alguns resultados da nossa doença. Não
chegamos em MADA transbordando amor, honestidade, boa vontade e mente aberta.
Chegamos quando atingimos um ponto em que não podíamos mais continuar devido à
dor física, mental e espiritual. É incrível, mas ao nos sentirmos derrotadas,
ficamos prontas! Não precisamos mais lutar!
A dependência de relacionamentos é algo que
age sobre nós de uma forma muito sutil. Um comportamento inadequado adotado em
relação ao nosso parceiro, que de início fazemos parecer ser uma opção nossa,
torna-se rapidamente uma obsessão, especialmente quando o parceiro não
corresponde às nossas necessidades. E assim, ao invés de abandonarmos o
relacionamento por ele não corresponder às nossas expectativas, iniciamos uma
luta conosco e com o parceiro, na tentativa de fazer com que ele se modifique.
Isso faz parte do nosso comportamento obsessivo-compulsivo.
Através de jogos e manipulações tentávamos
controlar a situação. Temporariamente nos afastávamos de nossos parceiros,
mudando a tática de jogo na relação, ora nos fazendo de vítima, ora sendo
perseguidora para tentar reconquistá-lo. Tudo isso porque tínhamos a
necessidade de que ele se importasse conosco.
Progressivamente fomos nos afastando de
nossas próprias vidas, de nós mesmas. Começamos a perceber que havíamos
racionalizado verdadeiros absurdos para justificar a confusão que fizéramos de
nossas vidas.
Na realidade, essas escolhas não eram feitas
conscientemente, pois não sabíamos realmente o que queríamos de um
relacionamento, nem tampouco quais eram nossos verdadeiros valores. Muita de
nós vivia como um “camaleão”, adotando valores de outras pessoas como sendo os
valores mais importantes, numa tentativa de agradá-las e assim sermos aceitas.
Agora precisamos aprender a modificar a nós mesmas, ao invés de modificar os
outros, para que possamos assim aceitar a companhia de pessoas que possibilitem
uma intimidade verdadeira.
Até abrirmos mão de todas as nossas
restrições, sejam elas quais forem, estamos colocando em risco os alicerces de
nossa recuperação. Somos mestras em manipular a verdade. As restrições nos
privam dos benefícios que este programa tem a nos oferecer. Livrando-nos de
todas as restrições, nós nos rendemos e assim podemos ser ajudadas na
recuperação de nossa doença.
Em MADA não existe um grau de sofrimento
necessário para que você venha a se render e iniciar o processo de recuperação.
Cada uma de nós pode investigar sua própria vida, avaliar o sofrimento e a dor
sentida no passado. A rendição significa não ter mais que lutar. Hoje, o
importante é ter o desejo sincero de romper com os padrões doentios de se
relacionar e iniciar o aprendizado de um novo processo de vida, onde possamos
viver bem conosco e com os outros.
Somente após admitir que falhamos e
fracassamos nos nossos relacionamentos, nessa etapa de nossas vidas, é que
estaremos realmente prontas para iniciar a recuperação.
O Primeiro Passo nos prepara para uma nova
vida através de uma mudança do nosso próprio pensamento.
A irmandade MADA oferece esse caminho de
recuperação, através dos Doze Passos, das Doze Tradições e de nossa Literatura.
“Se
quisermos mudar nossa vida, é mais importante mudarmos as atitudes do que as
circunstâncias. A menos que mudemos as atitudes, é improvável que as
circunstâncias realmente possam mudar um dia”. (Robin - Meditações)
PERGUNTAS DO PRIMEIRO PASSO:
- Quando você reconheceu pela primeira vez que sua forma de
se relacionar era auto-destrutiva?
- Quando reconheceu que amar, para você, significava sofrer?
- Qual o significado para você de “impotência”?
- Qual a diferença de admissão e rendição?
- Descreva duas passagens em que você perdeu o controle da
sua vida.
- De que forma, sua dependência de relacionamentos causa
descontrole em sua vida?
- Qual é o seu sentimento quando outra pessoa coloca a vida
dela em suas mãos?
PARA
REFLETIR:
“Uma viagem de mil milhas precisa
começar com um simples passo.” (Lao-Tzu)
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